Uma brecha no sistema de
segurança dos aeroportos internacionais brasileiros tem permitido que
quadrilhas de tráfico de seres humanos entrem com imigrantes ilegais no País
sem passar pelo controle da Polícia Federal e da Receita. Também há casos de muambeiros
brasileiros que usam esquema semelhante para tentar escapar dos impostos.
A falha acontece nos chamados voos de cabotagem, em que viagens
domésticas partem de terminais internacionais, possibilitando que quem vem de
outro país se misture aos passageiros domésticos e não seja fiscalizado.
Os clandestinos
desembarcam em Cumbica apenas com a bagagem de mão. Ao se encontrarem no
aeroporto com os coiotes, recebem deles uma passagem de voo doméstico comprada
separadamente da passagem internacional. Depois que desembarcam do avião em
outro Estado, mesmo no terminal internacional, saem do aeroporto mostrando
apenas a passagem. Quando são descobertos, inventam que vieram pedir asilo no
Brasil, mas a suspeita da Polícia Federal é de que os clandestinos sejam
aliciados para exploração sexual e trabalho escravo como forma de pagamento das
despesas dessa viagem ao crime organizado.
"Fiquei
surpreso com a organização. Eles estão vindo de avião em um voo da China até
Dubai (Emirados Árabes). De lá, vêm a São Paulo e driblam a imigração, cortando
caminho e indo para os voos domésticos. Seguem então até o Rio, de onde pegam
um ônibus e voltam a São Paulo", afirma o delegado federal André Luiz Martins Epifânio.